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sábado, 27 de novembro de 2010

A arte do desejo

O desejo é o sentimento que move a vida.

É aquele queimor no peito que nos avisa que o corpo ainda vive.

Não é de conquistas que vive homem, e sim, do desejo de conquistar.

A cada desejo não conquistado, me encontro com a criança birrenta que há dentro de mim. Esperneando porque não ganhou um pirulito.

O desejo é inerente à alma humana. Seja para o bem ou para o mal, é nosso consolo para abrir os olhos na manhã seguinte e continuar vivendo.

Pode ser um desejo sublime, altruísta, profano ou egoísta. Não importa!

Sem desejo, o corpo ainda vive, mas, a alma há muito já está morta.

Viver pela metade não me interessa.

Desejo o tudo, desejo o nada. Desejo tanto tantas coisas que me perco na imensidão de mim mesma.

O dia em que não houver mais nada nesse mundo que eu possa desejar, posso-me ir, já que descansar em paz é o desejo final de cada um de nós.

Mas, até lá, o meu desejo mais ardente e secreto, é o desejo de desejar.



Post original aqui.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Ah, a licença poética...

Queria ser poeta e viver da poesia

Mastigar suas palavras e sentir seu sabor

Absorver a dor até sublimá-la em letras de um lindo verso

E até desejar um amor malsucedido para ter inspiração na concepção de um soneto.


Queria ser poeta e viver da poesia

E ter desculpa para surtar, pois sou poeta sensível

E ter desculpa para beber, pois sou poeta sensível

E ter desculpa para amar e odiar displicentemente, pois sou poeta sensível


Queria ser poeta e viver de poesia

Sorrir em um velório e chorar em uma festa de aniversário

Gritar em uma aula de meditação

Beber Dry Martini às nove da manhã de uma terça qualquer

Escrever enquanto a cidade dorme e poder usar blusa xadrez com calça listrada

Afinal, ao que vive das palavras possui a nobreza da licença poética para fazer o que quiser


Queria ser poeta e viver de poesia

Mas tenho que pagar meu aluguel.